sábado, 28 de novembro de 2009

SEBASTIÃO FURLAN

Chácara na Trv. São Sebastião (hoje Rua Sebastião Furlan) demolida na década de 1970.

"Rua Sebastião Furlan n. 111" esse era o endereço que pronunciava quando precisava fazer uma ficha ou cadastro durante mais de 30 anos de minha vida.
Para os que não sabem essa rua que hoje é no Centro da minha Cidade (Mogi das Cruzes) era a Chácara que residia meu avô Sebastião Furlan.
Farei um breve histórico aqui, apesar de não chegar a conhecê-lo ouvindo relatos de meu pai e tias sobre sua pessoa, logo abaixo anexarei um outro produzido por um Deputado amigo da família logo após sua morte.
Esse histórico abaixo acredito que complemente esse escrito por mim.
Sebastião Furlan nasceu em Udine - Itália, desembarcando no Rio de Janeiro no ano de 1888 aos 10 anos de idade, vivendo boa parte de sua infância e adolescência na Fazenda de sua família na região de Campinas, empreendedor nato trabalhou em vários segmentos ficando conhecido como Casqueiro, apelido estendido a alguns de seus filhos, como o "Chico Casqueiro".
Hoje há bairros ou vilas nas cidades de Cubatão e Biritiba-Mirim homenageando-o (Casqueiro) pelo mesmo ter possuido Fazendas e Chácaras nesses locais.
De seu primeiro casamento teve 6 filhos (4 homens e 2 mulheres) logo após a morte de sua primeira mulher (Rosa), casou-se com Maria Fernandez de Lima minha avó paterna, na cidade do atual Prefeito Rubens Furlan - Barueri.
Em 1923 mudou-se para Mogi com sua segunda esposa e 9 filhos (6 do primeiro casamento e mais 3 do segundo), posteriormente gerando mais 3 filhos na cidade totalizando 6 casais de filhos um fato curioso; já que com a segunda esposa teve 4 mulheres e 2 homens.
Estabeleceu-se em 1929 na Chácara onde hoje é a Rua Sebastião Furlan (Centro da Cidade), havendo um portão de esquina a esquina (Rua Professor Flaviano de Mello a Av. Vol. Fernando Pinheiro Franco) o rendimento principal era o benefíciamento de arroz, havendo também todo o tipo de cultivo, principalmente de frutas, para consumo próprio.
Entre a Chácara e a Vila Hélio havia um Riacho pequenino e limpo com diversos tipos de peixes, que mais tarde transformou-se em um algoz para os moradores e comerciantes do Centro.
Autoridades, Membros da Embaixada Italiana e Políticos visitavam o "Casqueiro" para um bate-papo ou aconselhamentos sobre o cotidiano.
No auge da segunda Guerra Mundial havia uma grande discriminação contra italianos, fato que Sebastião Furlan repudiava, já que o Brasil era a sua Pátria amada.
Em meados da década de 1950 em um ato de cidadania e mogianidade doou grande parte de seu terreno a Prefeitura Municipal demonstrando agradecimento a cidade que tanto lhe acolhera, sendo denominada 'Travessa São Sebastião".
Logo após a sua morte (1961) essa Travessa fora transformada em Rua Sebastião Furlan homenagem da Câmara Municipal.
Deixando para seus 12 filhos, faixas iguais de terrenos, optaram por fixar-se no local apenas 3 (Flávio, Yolanda e Iracema).
De Zona Rural a Urbana abrigando 2 fábricas no entorno e o evidente crescimento desordenado que o desenvolvimento trouxe aquele "Riacho" causando inúmeros problemas, tais como: Poluição e enchentes havendo 2 intervenções do Poder Municipal fazendo com que os moradores perdessem significativos quintais para amenizar as enchentes no Centro da Cidade.
De nada adiantara. No ano de 2007 não teve jeito houve uma terceira e derradeira intervenção da Prefeitura desapropriando totalmente aquela faixa contendo 14 imóveis que faziam divisa com o Ribeirão Ipiranga indenizando os moradores dentre eles seu filho Flávio e os netos Regina e João (filhos de Iracema e Iolanda) saindo com grande pesar dali, embora fosse necessário.
No local que era um pequeno Riacho é o canalizado Ribeirão Ipiranga e parte do terreno está se transformando em um bonita Praça...
Hoje há mais de 300 descendentes no Municipio que se orgulham dessa magnífica história de nosso Patriarca.
Marcos Furlan,
Particularmente luto pela canalização da outra parte do Ribeirão Ipiranga (Mogi-Moderno)

Abaixo o texto escrito por um Deputado amigo da familia na década de 1960

Italiano, nascido em Udine, Itália em 31 de março de 1878, filho de Giuseppe Furlan e Judith Verônica Bonatto Furlan, veio para o Brasil aos 10 anos de idade, morando numa Fazenda nos arredores da cidade de Campinas.
Alguns anos, depois, seus pais mudaram-se para a cidade de Campinas e já, muito jovem, possuidor de iniciativa invulgar, notabilizou-se como comerciante, e em seguida vindo a se casar com rosa Polatto, com a qual teve seis filhos.
Mais tarde, enviuvou-se e contraiu novas núpcias com Maria Fernandes de Lima e tornando-se pai de mais seis filhos.
Por volta de 1911 comprou uma vasta fazenda de café entre Jundiaí e Campinas mais precisamente aonde é, hoje, a cidade de Valinhos.
Essa compra, durante muitos anos, trouxe-lhe uma vida próspera e feliz até que durante o ano de 1915 uma forte geada deu-lhe grandes prejuízos obrigando-o a desistir do plantio de café e dedicar-se a um negócio mais rendoso, extração de casca de madeira de lei e fornecimento de dormentes para as estradas de ferro famosas, na época, a Cia. Paulista e Cia. Mogiana chegando a possuir, até desvio de trilhos, para onde estavam suas instalações madeireiras, autorizadas por aquelas Companhias carris, o que, diga-se de passagem, era raríssimo, naquela época.
Mas, um fato curioso, veio, também, a notabilizá-lo, a extração de cascas de madeira de lei, para os diversos curtumes da região, tornou-o, ainda mais conhecido, como Sebastião Casqueiro, maneira côo tal foi conhecido, durante o resto da sua vida.
Em 1918 após a 1º guerra mundial resolveu trocar sua fazenda, onde hoje está Valinhos, por muitas propriedades no município de São Paulo, numa demonstração do quanto sabia que a Cidade iria representar junto ao Brasil, sua pátria adotiva.
Porém foi Mogi das Cruzes, o município equinhoado pela escolha maior do Sr. Sebastião Furlan. Fiel aos negócios de dormentes, para trilhos, da Estrada de Ferro, cumpriu, fielmente, seu contrato com a Estrada de Ferro Central do Brasil, hoje, Rede Ferroviária Federal.
Dedicou-se, em seguida, aos negócios de lenha, carvão e tijolos.
Já em 1.929 mudou-se para São Paulo, comprando uma fábrica de meias, mas vendendo-a, em seguida, voltou a sua querida Mogi das Cruzes, onde tinha deixado muitas propriedades e bons amigos.
Inicia-se na exploração de beneficiar arroz e dedicar-se à agricultura, com muitos sítios nos arredores da cidade, chegando de uma só vez, a ter meia dúzia deles.
Na política, destacou-se por amar São Paulo, amar o Brasil e era fervoroso adepto do, então, Partido Democrático Brasileiro e, em 1932, formava ao lado daqueles seus amigos, destacando-se, dentre eles, aquele grande mogiano cujo nome pertence a uma das principais avenidas da cidade: Fernando Pinheiro Franco.
Eleitor, responsável pelas suas atitudes civis, fez sempre questão de estar em todas as eleições do país, só o deixando de fazer, quando morreu em 1961 (aos 83 anos) vítima de problemas cardíacos, deixando saudades naqueles que tiveram a honra de conhecê-lo, participar de sua amizade sincera, honesta e humana, vivida ao lado de sua esposa, filhos, filhas, netos, netas, bisnetos e bisnetas.
Tal era sua grande amizade por Mogi das Cruzes, que doou a Prefeitura local, larga faixa do seu terreno que alcançava de uma extremidade a outra, a Av. Vol. Pinheiro Franco e rua Professor Flaviano de Mello, surgindo a Travessa São Sebastião, surgindo daí, numa merecida homenagem da Câmara Municipal, a rua com seu nome: Sebastião Furlan.










Um comentário:

  1. História linda da família Furlan,tive de conhecer uma pessoa maravilhosa que chama Regina trabalhei como doméstica sim,com muita honra.e também foi professora de meus filhos Paulo Silas Barbosa e Priscila Barbosa.Nao sei se estou falando da mesma pessoa, más seria muita coincidência porquê o nome dessa pessoa,amiga,professora e patroa é dona Regina,morava na rua Sebastião Furlan.... Regina, você me ajudou quando eu mais precisei... Obrigada!

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